Apocalipse 3 1-6

Sermão preparado pelo pastor MADSON MARINHO

Leituras: Mt. 10.32; Mt. 24.43;1Tm. 5.6

Texto: Ap. 3.1-6

Amada igreja de nosso Senhor Jesus Cristo,

Introdução

Hoje ouviremos uma pregação na quinta carta que Jesus enviou a uma de suas igrejas na Ásia menor. A igreja em Sardes, assemelhava-se com a de Éfeso, pois as duas praticavam muitas obras. A questão não eram as obras, mas como e por que essas obras eram praticadas. Não importa o quanto uma igreja seja ativa em trabalhos, atividades e comunhões. 

A questão é: qual a motivação do nosso serviço? Por que fazemos o que fazemos? O que levanos a servir na igreja? Será que nosso trabalho na obra de Deus é aceito? Como Deus observa as obras praticadas por nós?

Essas perguntas devem nos levar a uma avaliação de nossa vida e atividades na igreja de Cristo. Em Sardes existiram membros que trabalhavam, a reputação da igreja perante a sociedade era a de uma igreja de peso e renome. Externamente, ela era uma igreja impecável e bem aceita. Ela não enfrentava problemas com heresias e nem com idolatrias. 

Seu principal problema era interno. Seu maior inimigo foi ter vivido uma vida de indiferença, de desatenção e frieza que estava levando a igreja a definhar por dentro. Aos olhos de Cristo alguns membros estavam vivendo como zumbis. Pensavam eles que as obras realizadas já eram suficientes para entenderem que estavam indo bem. Cristo diz: “Eu sei as tuas obras”!

 Jesus destaca que eles tinham esquecido do evangelho que receberam no princípio. E eles são exortados a obedecerem, a guardarem e principalmente assumirem uma mudança de mente e de atitudes. Eles tinham que se arrepender! Caso contrário, Jesus se colocaria contra eles.

Mesmo assim, naquela igreja havia uma fagulha, uma pequena chama de crentes fiéis. Eles eram o remanescente, que não estavam vivendo uma vida de cemitério, de letargia, de indiferença. Esses não haviam contaminado suas vestes e são dignos de andar juntamente com Jesus.

É terrível irmãos! Quando uma igreja não impacta mais o mundo, o paganismo não se sente confrontado porque seus membros vivem vidas parecidas. Por isso, precisamos sempre fazer um autoexame, e todos os domingos precisamos ouvir o maravilhoso evangelho de nosso Senhor. 

Aquele que tem os Sete Espíritos de Deus e as Sete estrelas em suas mãos tem o poder de avivar

e renovar a vida de sua igreja que está à beira da morte. Só o evangelho vivo pode dar vida aos que estão espiritualmente na UTI.

Portanto, vos proclamo o maravilhoso evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo no seguinte tema: 

O Cristo vivo, exorta a igreja em Sardes para que eles despertem do sono.

E olharemos para três coisas:

  1. O contexto.
  2. A exortação. 
  3. A promessa.

I. O contexto.

Historicamente, Sardes era uma cidade forte; seu passado era um passado de glória e riqueza. Seus habitantes se gloriavam da segurança que as marralhas da cidade ofereciam. A cidade foi construída em cima de uma montanha. Os inimigos sempre eram derrotados, pois tinham que escalar para chegar à cidade.

Porém, um certo dia, um soldado inimigo ficou observando para ver como seu exército poderia transpor aquelas muralhas. Foi aí que numa noite um capacete caiu da cabeça do sentinela, e ele teve que descer por umas fendas que ficavam nas costas da cidade. Essas fendas tinham sido causadas pela erosão e também não havia vigilância nessa área. 

Foi aí que Lágoras, o soldado, escalou com 15 homens e passaram pelas fendas e abriram os portões da cidade, e Sardes foi derrotada após 14 dias de cerco. 

Como essa igreja recebeu estas palavras: “Sê vigilante”, “se não vigiares virei como ladrão”, “não saberás de modo nenhum em que hora virei contra ti”! Jesus fala com a igreja usando palavras que lembrar-lhes-iam seu passado vergonhoso e humilhante. 

A cidade tinha uma padroeira chamada Cibele. As pessoas acreditavam que ela tinha o poder de dar vida aos mortos. Mas nem ela pôde livrar a cidade da invasão da morte.

Espiritualmente, essa igreja tinha nome de que vivia, mas estava morta. A palavra “nome”, neste texto, significa a “reputação, a fama e a estima” que esta igreja gozava na sociedade. Seus membros estavam indiferentes; tinham caído no formalismo; e na rotina do serviço cristão. 

Igualmente a igreja de Éfeso, suas obras não eram praticadas como da primeira vez. Professavam uma fé, mas não a viviam. Daí vem a expressão “cristãos de nome ou nominal”. Têm só aparência, mas não tem conteúdo.

Assim como a igreja de Laodicéia, Cristo os chama ao arrependimento com fortes ameaças. E devemos olhar para essas exortações vendo o amor de Cristo por sua igreja. Notemos que a carta escrita é dirigida ao ministro da palavra daquela igreja (Zózimo), que juntamente com ela estava numa situação difícil. Cristo diz a João: “Ao anjo da igreja em Sardes escreve”, e depois vêm as exortações dirigida a ele como o responsável por aquela comunidade. 

Onde o ministério da palavra falta, a igreja entrará em decadência. Por isso, tanto o ministro da palavra como a igreja devem se apegar ao evangelho vivo de nosso Senhor. 

De que forma Cristo trata a sua igreja. Vejamos as exortações.

II. Exortação.

Quem dá essas exortações é Cristo. Por isso, João destaca de forma solene dizendo: “Estas coisas diz”… e  lemos a descrição de que esse que diz tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas.  Em Apocalipse o número sete significa plenitude. Então quem está falando é aquele que tem toda a plenitude do Espírito Santo. Ele recebeu plenamente o Espirito Santo; só ele é o Ungido pleno. Assim, Ele pôde dar de seu Espírito para a sua igreja.

 O Espírito Santo é quem dá a vida. É por isso que Cristo se apresenta dessa forma. E como ele faz isso? Ele faz através das sete estrelas que ele tem em suas mãos. As sete estrelas são os ministros do evangelho que são guardados e preservados nas mãos de Jesus. 

Note a importância da relação entre o Espírito de Deus e o ministério da Palavra. Só nessa apresentação gloriosa e magnífica podemos ver que o Espírito Santo dá vida a toda sua igreja através do ministério da pregação da palavra.

 São sete igrejas e sete ministros que estão debaixo dos sete Espírito de Deus. Os mensageiros podem pregar a palavra do Filho porque ele tem o Espírito. Assim, o ofício pastoral e o Espírito estão intimamente ligados.

Mas quem está exortando a igreja é aquele que possui a plenitude do Espírito.

Cristo usa algumas palavras de ordem para a igreja em Sardes. A primeira (v.2) é um chamado a atenção, a ser vigilante é algo relacionado com a noite. É justamente na noite quando bate o sono, quando as energias estão diminuindo e chega o cansaço é que precisamos abrir mais os nossos olhos e estar atentos. 

Jesus viu a sonolência espiritual daqueles irmãos. Então a palavra foi: Acordem! Despertem! Estejam sempre atentos e não se portem como mortos. A igreja que não atenta para essa verdade, corre o sério perigo de ser engolida pelo mundanismo e, assim, ter as suas vestimentas contaminadas. “ai de vós quando o mundo vos louvarem”…

A segunda ordem é que eles deveriam consolidar; ou seja, tomar medidas imediatas e efetivas, firmar os outros que estavam prestes a morrer. A ideia é como um navio furado onde todos deveria trabalhar para que ele não viesse a pique. Eles deveriam agir para colocar as coisas em ordem; teriam que tomar medidas fortes. 

Pois a morte estava se alastrando para atingir a outros. Como o carvão que vai se apagando até todos estarem apagados. Então, Jesus diz, despertem e ajam; não deixem outros se apagarem e virarem cinzas.

Todas as obras daquela igreja poderiam satisfazer a visão dos de fora, mas Jesus que caminha entre os sete candeeiros, que é a sua Igreja, sabia que ela não passava no julgamento de Deus. As obras deles não eram íntegras, não eram completas, não preenchiam o padrão de Deus. 

Na presença de Deus, as atividades daquela igreja eram incompletas e vazias.  Por isso,  a igreja precisa depositar sua fé em uma obra que preencha o padrão de Deus. Essa obra é a morte, ressurreição e ascensão de Cristo. É nessa obra que a igreja deve andar e se firmar.

Agora, é no versículo 3 onde encontramos o remédio para o problema. Jesus exorta: “lembra-te”, eles deveriam continuamente fazer uso de sua memória. E dá atenção o tempo todo para como eles inicialmente receberam o evangelho. 

Essa igreja precisava olhar para o fundo do baú e ver a joia preciosa do evangelho que eles tinham. Meus irmãos, a reforma começa com o evangelho recebido. Não com inovações, nem métodos humanos.

Possivelmente eles ouviram o evangelho pelo apóstolo João, então suas lembranças estavam sendo avivadas pela forma como eles receberam e ouviram. Receber e ouvir foram herança da época apostólica.

E, assim, eles deveriam manter este evangelho bem guardado em seus corações, isso seria demonstrado na vida de fé, obediência e arrependimento. Arrependimento esse, que envolvia uma mudança de mente e de atitudes. Pois o hipócrita pode mudar até suas atitudes, mas não quer mudar a sua mentalidade. 

Cristo chama a igreja ao arrependimento, a um abandono de tudo o que alguns deles estavam vivendo e fazendo para uma volta verdadeira a Deus. Arrependimento é a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.

Caso o arrependimento não fosse visto na vigilância da igreja Cristo, derramaria o seu julgamento naquela igreja. Cristo viria contra ela como um ladrão vem para roubar. Cristo já usou outras vezes essa forma de advertência quando disse em Mt. 24.43.

“Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que hora viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa”.  

A cidade de Sardes por diversas vezes foi assaltada e destruída pelos inimigos. Agora Jesus diz que assim será para a igreja que não atenta e vive o seu evangelho; Cristo a pegará em seu próprio sono no pecado. Tudo que é necessário, meus irmãos, é uma constante manutenção e lembrança do evangelho. 

O evangelho mantém a igreja viva! E em Sardes também existia um pequeno grupo de irmãos que eram membros vivos e que participavam de Cristo e de todos os seus benefícios. As obras desses eram boas obras porque eram feitas pela fé.  Eles eram vencedores. 

Vejamos a promessa.

III. A promessa.

Meus irmãos, as promessas do versículo 5 estão intimamente ligadas com as pessoas do versículo

4. Estes não se entregavam aos prazeres e à imoralidade. O Apóstolo Paulo em 1Tm. 5.6 nos diz que: “entretanto, a que se entrega aos prazeres, mesmo viva, está morta.” Porém, mesmo sendo incontaminados eles não deixaram de ser pecadores. 

Ser incontaminado não significa deixar de pecar. A própria palavra de Deus nos ensina: “que se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmo nos enganamos, e a verdade não está em nós”.  

Por isso, é muito importante diferenciar estas duas coisas para não cairmos em moralismos legalistas. As promessas se apresentam como uma recompensa a esses que tanto andaram aqui na terra vencendo o mundo, vencendo a si mesmo e vencendo a Satanás pelo poder da fé. 

Esses que viviam vidas cristãs verdadeiras e limpas, andarão de branco junto com Jesus. A ideia é que eles caminharão com seu mestre nas ruas do paraíso. Lá, eles verão a glória que foi conferida ao Filho pelo Pai. Pois Jesus orou: 

“Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha gloria…”

Eles são dignos, não por causa deles mesmos, ou de suas obras. Mas por causa da graça de Jesus Cristo que os justificou, que os adotou e, principalmente, os santificou. Também a cor branca é o símbolo da vitória de Cristo no livro de apocalipse (3.18; 4.4; 6.11; 7.9). Eles participam da vitória de Cristo e podiam dizer que “não sou eu mais quem vivo, mas Cristo vive em mim”.

As palavras serviriam de motivação e encorajamento para aqueles que estavam vivendo vidas mundanas e com suas vestes contaminadas. A luz que está fraca não se apagará nem será esmagado o

galho que está quebrado (Is.42.3). 

Ao vencedor, ao que superar, ao que prevalece, será vestido de vestiduras brancas. Aqui temos a doutrina da salvação do crente. Ele receberá uma veste em que nunca mais terá a possibilidade de ser manchada pelo pecado; uma santidade perfeita. Esse branco é resplandecente e brilhante.   

A garantia disso é que seu nome de modo algum será apagado do Livro da Vida. Isso aqui não é uma possibilidade, mas é uma garantia para os vencedores em Cristo. Ter o nome no Livro da vida é para os que têm a vida eterna em Cristo; é pertencer por direito e posição ao Senhor Jesus Cristo quando fomos regenerados pelo seu evangelho.

São eles que verdadeiramente tem nome de quem vive e estão na vida. Deus não é Deus do mortos, mas dos vivos.

Cristo confessará o nome do vencedor diante de seu Pai e diante de seus anjos. A verdadeira igreja tem sua reputação e seu nome confessados publicamente na corte celestial. Mesmo que venhamos um dia a morrer fisicamente, tenhamos em mente que em Cristo temos a vida. Não importa o que o mundo diga de nós; o que importa é o que Cristo de sua igreja.

Louvado seja o Senhor Jesus Cristo, que tem os sete Espíritos de Deus e em suas mãos as sete estrelas, e que nos confessará diante de seu Pai. Pai, Filho e Espírito Santo estão envolvidos na obra de salvação de sua igreja.

Portanto, se você tem ouvidos, escute a voz do Espírito que dá vida ao mais vil pecador através da pregação do evangelho. Essa mensagem de Jesus Cristo à sua igreja em Sardes demonstra o amor e o cuidado que o Cristo vivo tem pelo ministério, pelos membros caídos e pelos membros vivos. Sardes não deixou de ser igreja de Jesus. Mas estava sujeita a receber o juízo de Deus por causa de uma vida indiferente. Jesus usou muito esta expressão em seu evangelho: “Quem tem ouvidos ouça!” (Mt. 11.15; 13.9; Mc. 4.9; Lc. 8.8)

Talvez se fosse uma igreja de homens, eles não se interessassem por tratar os problemas. Mas a igreja é de Cristo e ele sabe cuidar e identificar onde estão os problemas. Não é a deusa Cibele que podia dar vida aos mortos, mas é o Cristo glorificado e vivo.

Sendo assim, atentemos para essas mesmas exortações; precisamos ouvir o que o Espírito diz as igrejas, para que não incorramos nos mesmos erros e, assim, chamemos o juízo de Deus sobre nós.

Corramos do cristianismo nominal, de sermos uma igreja secularizada, de adotarmos posturas de alguns fariseus que eram iguais a um sepulcro caiado. Um certo pastor disse: “Não consigo crer que um

homem está a caminho do céu, se pratica habitualmente o tipo de obras que indicam, pela lógica, que ele deve estar a caminho do inferno”. 

Olhemos também para a gloriosa recompensa do evangelho que receberemos de Jesus Cristo. Andaremos com ele; seremos vestido de vestes vitoriosas e santas; de modo nenhum teremos nosso nome apagado do Livro da Vida; e ouviremos naquele grande dia o nosso nome sendo confessado diante do Criador dos céus e da terra e de seus santos anjos. Que seja assim! Amém.

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