Sermão preparado pelo pastor Alexandrino Moura
Leitura: Levítico 1.1-17
Texto: Dia do Senhor 2
Dia do Senhor 02
P. 3. Como você conhece sua miséria?
R. Pela lei de Deus.
P. 4. O que a lei de Deus exige de nós?
R. Isto Cristo nos ensina em um resumo, em Mateus 22.37-40:
Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
P. 5. Você pode observar esta lei perfeitamente?
R. Não, não posso, porque por natureza sou inclinado a odiar a Deus e a meu próximo.
Amados irmãos no Senhor Jesus Cristo,
A confissão que a Igreja faz no Dia do Senhor 1 é linda! Ela é uma confissão rica em mostrar a graça de Deus ao pecador. A confissão diz que o meu único conforto é que em corpo e alma, na vida e na morte, não pertenço a mim mesmo, mas a Jesus Cristo, meu fiel Salvador.
E tem mais: ainda afirma que Ele cuida tão bem de mim, que sem a vontade dEle nem um fio do meu cabelo se perderá se não for da vontade de Deus. E que quando o mau vem sobre mim, Ele transformará este mau em bem por minha causa.
E ainda diz que o Espírito Santo habita em mim; além de garantir a salvação para mim, ainda HOJE me torna disposto de coração a viver para Cristo com todo alegria.
Aí vem a pergunta: eu mereço essa riqueza? Posso colocar dessa forma a pergunta: por que eu recebi essa riqueza?
Porém, a resposta que recebemos no Dia do Senhor 2 não é uma resposta agradável para nós. Neste Dia do Senhor 2 a Igreja confessa com suas próprias palavras o que a Escritura de Deus declara sobre nós. Esta confissão nos mostra como Deus nos surpreende com sua Palavra.
Eu vos proclamo a Palavra de Deus no seguinte tema:
Tema: A lei de Deus: O Espelho da verdade na vida do pecador
- O que a lei de Deus revela sobre nós
- O que a lei de Deus exige de nós
- O que a lei de Deus revela sobre nós
Irmãos, todos nós gostamos de ouvir algo positivo sobre nós. Por natureza nós gostamos que as pessoas falem apenas positivamente sobre nós. Não gostamos quando as pessoas falam algo negativo sobre nós mesmo que seja verdade. Isso acontece desde a nossa queda no pecado lá no Paraíso. Ninguém considera uma critica como sendo um louvor ou algo bom. Ninguém gosta de ser reprovado quando erra ou quando comete um pecado. Isso nós podemos encontrar entre nós mesmos. Ninguém gosta de ser chamado a atenção por um irmão quando está em pecado ou fez o que não deveria. Ninguém gosta que alguém diga como realmente somos. Não gostamos de nada disso. Preferimos sempre ouvir elogios.
Esse era um ensino bem popular na época em que o Catecismo foi escrito. As pessoas não suportavam falar de uma maneira negativa sobre elas. E hoje esse ensino continua em nosso país. No meio pagão encontramos os psicólogos descrentes, dizendo que você não pode falar de uma maneira negativa de alguém. Pois pode levar a pessoa a depressão.
No meio evangélico é ensinado que as pessoas são boas e que elas têm valor diante de Deus. Que ela é importante para Deus. Pense como esses evangélicos tentam apresentar Jesus Cristo como Salvador. Eles dizem: Deus te ama! Deus tem um propósito em sua vida. Basta você aceita-lo. Em outras palavras: não se pode falar que os pecadores são pecadores e pecam contra Deus. Não existem pessoas odiadas por Deus, são pessoas amadas por Deus.
Porém, o que é que Deus diz sobre nós? O que Ele diz sobre nós em sua lei? Deus diz o seguinte sobre o que nós somos para Ele em Deuteronômio 27.26: Maldito aquele que não confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. O apóstolo Paulo repete dizendo em Gálatas 3.10: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las. Diante de Deus nós somos malditos! Nós somos pessoas amaldiçoadas por Deus por causa do pecado. Deus não nos suporta em sua frente. Deus odeia o pecado e o pecador de uma maneira muito forte. Nós somos criaturas repugnantes, abomináveis para Deus.
Isso é o que Deus acha de nós e nós nem ao menos nos conhecemos. Nós por natureza não conhecemos o nosso estado, a nossa situação, a nossa miséria. Nós não conhecemos a miséria em que estamos. Somos miseráveis e não nos conhecemos por natureza. Por isso o Catecismo pergunta: De onde você conhece a sua miséria? e a resposta é: Da lei de Deus. Quando o Catecismo fala sobre miséria, não está falando sobre a fome no mundo, na desigualdade social. Mas, está falando do pecado do homem! Do estado miserável em que Ele se encontra. O homem não pode chegar-se na presença de Deus. Nós nos lembramos que o homem foi expulso do Paraíso porque pecou contra o seu Criador. Não podia mais chegar na presença de Deus após o pecado. Porque Deus não suporta nada em nós.
O Catecismo ensina que nós conhecemos a nossa miséria através da lei de Deus. Quando o Catecismo fala da Lei de Deus, pensamos imediatamente nos Dez Mandamentos e em parte estar certo. Porém, quando o Catecismo fala da lei de Deus, ele está falando dos cinco livros de Moisés Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esses livros contém a lei de Deus. As instruções de Deus como: vestes, animais limpos e animais impuros, a construção do tabernáculo, os sacrifícios que as pessoas tinham que levar lá, as várias cerimônias de lavagem que pertenciam ao tabernáculo, os tipos de alimentos que as pessoas podiam comer e muito mais. Havia inúmeros mandamentos nestes cinco livros da lei, os mandamentos que os sacerdotes tinham que expor ao povo (Lv 10.10) sobre a revelação de Deus sobre Si mesmo e sobre as pessoas que ele adotou para ser seu povo.
O que a lei que Deus deu revelou sobre Israel e sobre nós também hoje? Considere aqui o que acontecia no tabernáculo. Sabemos que Deus veio habitar no meio do seu povo no tabernáculo e isso era algo maravilhoso. Porém, o fato da questão é que Deus morava no Santo dos Santos na parte de trás do tabernáculo enquanto o povo não podia chegar mais perto do que o pátio do tabernáculo. O ponto é que havia uma distância entre Deus e o povo; ainda havia uma separação em Deus e seu povo. E entre as duas partes Deus e seu povo estava um altar sobre o qual as pessoas estavam fazendo os sacrifícios diários. E este altar irmãos, é instrutivo para o assunto do Dia do Senhor 2 do Catecismo.
Como assim, você pergunta? Tente imaginar como se pareciam as coisas ao redor desse altar. Você consegue imaginar? Você consegue imaginar os corais cantando os salmos? Um ambiente limpo e gostoso de ver e ficar?
Irmãos, não era nada disso o que as pessoas viam quando iam oferecer sacrifícios no tabernáculo. O que eles viam e ouviam, eram animais e muito barulho dos animais; era um mau cheiro terrível por causa da urina e as fezes dos animais. Em seguida eles viam um altar; sobre aquele altar morreram incontáveis animais; as pessoas traziam os animais e os sacerdotes estavam segurando uma faca ou uma pequena machadinha; em seguida ele pegava o animal e cortava seu pescoço e o sangue jorrava sobre o altar; o altar ficava coberto de sangue e avermelhado; a cor em volta do altar é vermelho – em vários estágios de decomposição. Os sacerdotes esfolavam os animais mortos e em seguida cortava-os em vários pedaços; partes desses animais eram queimadas em sacrifícios. Havia, então, um cheiro particular em torno do altar… é o cheiro da morte, dos intestinos expostos, de carne queimada. É o tipo de ambiente que atrai muitas moscas… Em uma palavra: há algo distintamente ofensivo sobre a aparência e o cheiro do tabernáculo. E não se engane: alguns em Israel tinham se ofendido com o sangue e o cheiro e as moscas no lugar, e concluíram que não era um lugar para aqueles com o estômago enjoado, muito menos para as crianças…
Então: como os sacerdotes e os levitas explicavam esta parte das exigências da lei de Deus? Por que as pessoas veem o que acontece no tabernáculo ou no templo mais tarde como grosseria?
Irmãos, os sacerdotes tiveram que explicar ao povo que ali estava uma imagem de como Israel era ofensivo, repugnante para Deus. Sim, a expiação era possível e isso aconteceu através do derramamento de sangue – o evangelho da glória. Mas embutido na cerimônia que garantiu a Israel o perdão dos pecados estava uma lição muito grosseira, especificamente sobre como nojento são os pecados de Israel para Deus. E isso era mostrado nos sacrifícios oferecidos no tabernáculo!
Aqui está algo do assunto do Dia do Senhor 2: a partir da lei do Deus de Israel, nós recebemos uma sensação de como são grandes os nossos pecados e miséria, isto é, quão ofensivos são nossos pecados para Deus, e assim o quão profundo é nosso problema. O apóstolo Paulo fala claramente em Romanos 3.20 sobre a lei: pela lei vem o pleno conhecimento do pecado” e em Romanos 4.15 que a lei provoca a ira. Nossos pecados viram o estômago de Deus, são revoltantes! Nós somos nojentos diante de Deus!
É isso o que Deus diz sobre cada um de nós. Lembrem-se de que qualquer pecado seja ele por pensamento, palavra ou ato é suficiente para sermos lançados no inferno. Qualquer pecado até o menor pecado que achamos e que não achamos que Deus não se ira esse pecado deixa Deus irado conosco. Porque os nossos pecados e nós são nojentos para Deus.
- O que a lei de Deus exige de nós
Irmãos, o que a lei de Deus exige de nós? O Catecismo resume essa pergunta com as palavras do Senhor Jesus Cristo: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.37-40). Esse é o resumo de toda a lei de Deus. Ela se resume em amar a Deus acima de qualquer coisa e amar a meu próximo como a mim mesmo. Isso é muito bom de se escutar, mas difícil de praticar. Pois aqui é que estar todo o nosso problema: não conseguimos amar como Deus exige em sua lei. E qual o motivo? O Catecismo resume da seguinte forma: porque por natureza sou inclinado a odiar a Deus e a meu próximo.
Nós fomos criados para amar perfeitamente a nosso Criador e a nosso próximo. Enquanto estávamos no Paraíso, obedecendo a lei do amor, tínhamos uma vida cheia de amor e felicidade. Porém, não demos valor ao que recebemos de nosso Criador. Pelo contrário, preferimos dar ouvido ao inimigo do nosso Criador. Preferimos ouvir as palavras de ódio de Satanás que o mandamento de amor de Deus. Preferimos viver em um mundo de ódio. É isso que vemos em Caim que era maligno e por isso matou seu irmão Abel; Lameque que era assassino; vemos o egoísmo na torre de Babel; vemos a corrupção crescendo tanto no mundo que Deus destruiu o mundo com o dilúvio; vemos José sendo odiado pelos seus irmãos; vemos a maldade da mulher de Potifar. No Novo Testamento encontramos o ódio de Herodes; a malícia dos escribas e fariseus; o ódio de Israel contra Jesus Cristo; vemos no livro de Atos o ódio contra os servos e a Igreja de Cristo. Em tudo isso confirma o que é confessado no Catecismo de Heidelberg: por natureza sou inclinado a odiar a Deus e a meu próximo. Por natureza nós desprezamos a Deus com os nossos pecados. Cada pecado que cometemos é um desprezo a Deus e a sua lei.
Irmãos, Deus em sua lei exige que amemos a Ele acima de qualquer coisa. Ele quer ser amado de tal maneira que nada neste mundo será mais importante do que Ele. E que amemos nosso próximo como a nós mesmo. Nós amamos a nós mesmo e Deus quer que amemos a nosso irmão da mesma forma, da mesma maneira que nós nos amamos.
Irmãos, nós fomos criados para amar e não para odiar. Mas, o que fazer se nós não cumprimos o que Deus exige de nós?
Irmãos, devemos parar de olhar para nós mesmos e acharmos que somos bonzinhos! Mas, devemos olhar para Cristo! Cristo que cumpriu perfeitamente o que é exigido pela lei de Deus. Ele tomou o nosso lugar na cruz do calvário. Que carregou todos os nossos pecados odiosos, a fim de sermos amados por Deus. Somente crendo em Cristo é que seremos salvos dos nossos pecados. Esse é o evangelho da salvação de Cristo. Esse evangelho nos faz correr para Cristo e descansar nEle.
Amém.