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Dia do Senhor 05

Sermão preparado pelo pastor Alexandrino Moura

Leitura: Salmo 130; Hebreus 7.20-28

Texto: Dia do Senhor 05

Dia do Senhor 05

 

P. 12. Então, conforme o justo julgamento de Deus, merecemos castigo, nesta vida e na futura. Como podemos escapar deste castigo e, de novo, ser aceitos por Deus em graça?

R. Deus quer que sua justiça seja cumprida. Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça, ou um outro por nós.

 

P. 13. Nós mesmos podemos satisfazer essa justiça?

R. De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos, a cada dia, a nossa dívida com Deus.

 

P. 14. Será que uma criatura, sendo apenas criatura, pode pagar por nós?

R. Não, não pode. Primeiro: porque Deus não quer castigar uma outra criatura pela dívida do homem.

Segundo: porque tal criatura não poderia suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros.

 

P. 15. Que tipo de Mediador e Salvador, então, devemos buscar?

R. O Mediador deve ser verdadeiro homem e homem justo, contudo, mais poderoso que todas as criaturas; portanto, alguém que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus.

 

Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo.

Nós aprendemos no Dia do Senhor 2 que o homem depois da queda não consegue cumprir a lei de Deus perfeitamente. Pois a lei exige do homem perfeito amor a Deus e perfeito amor ao próximo. Porém, o homem por natureza está cheio de pecado. Não consegue fazer bem algum. E no Dia do Senhor 3 vimos a profundidade da queda do homem no pecado. O pecado afetou todas as partes do homem de tal maneira que sua natureza ficou envenenada pelo pecado. Não há nada de bom no homem após a queda em pecado. Quando chegamos no Dia do Senhor 4 o homem tenta escapar do justo castigo de Deus colocando a culpa no Criador, afirmando que é injusto o que Deus exige em sua lei. Porém, o Catecismo deixa bem claro que não é injusto o que Deus exige em sua lei. Por isso o Catecismo lembra que Deus criou o homem com total capacidade para cumprir a sua lei. O homem, porém, jogou fora todos esses dons maravilhosos e privou a si mesmo desses dons e a seus descendentes. Por isso ele não consegue cumprir perfeitamente a exigência da lei de Deus. E esse pecado causa a ira de Deus contra os pecadores do mundo inteiro e inclusive nós como descendentes de Adão. Estamos sujeitos ao castigo e maldição de Deus.

Então, o que precisamos fazer? Nós necessitamos de perdão! Precisamos nos acertar com Deus. Precisamos de redenção para não sermos lançados no inferno. É sobre essa necessidade que irei pregar nesta manhã.

Eu vos proclamo a palavra de Deus no seguinte tema:

Tema: A Igreja confessa a necessidade de redenção para o pecador

Nesta confissão vamos ver:

1. A nossa realidade

2. A nossa necessidade

3. A conseqüência em nossa vida

 

1. A nossa realidade

Irmãos, a Igreja de Cristo tem confessado ao longo da história que o homem precisa de redenção. E seria bom nós avaliarmos a nossa realidade como pecadores descendentes de Adão. Então, qual a realidade do homem perante Deus? Qual a sua situação diante de Deus?

Irmãos, a nossa realidade não é nada boa! A nossa realidade é que nossa natureza está totalmente envenenada com o pecado. Não conseguimos cumprir a lei de Deus e assim viver de maneira que agrada a Ele. Porque o nosso pecado fere a majestade de Deus. Todo pecado que cometemos é contra o próprio Deus. A nossa queda no Jardim do Éden nos separou de Deus, ou seja, a comunhão com Deus que era a nossa vida, desapareceu por causa do pecado. Nós morremos espiritualmente e morremos corporalmente como resultado do nosso pecado em Adão.

A realidade do homem é uma realidade triste e lamentável. Pois a Bíblia descreve a realidade do homem em Efésios 2.1 da seguinte forma: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. A Bíblia descreve que o homem está morto em seus delitos e pecado. Ela não está falando de dormindo, mas de morto. Em Romanos 5.12 diz: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Por causa desta queda é que o homem estar morto espiritualmente e como punição tem que morrer fisicamente!

Mas, esta realidade é negada pelos homens em seu pecado. Eles não compreendem a sua realidade de miséria. Realidade que conduz ao inferno longe da comunhão de Deus. Em 1 Coríntios 2.14 diz: “ o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. O homem natural não pode entender as verdades de Deus, a menos que o Espírito Santo lhe conceda esta dádiva.

Salmo 51.5 diz: “Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe”. Desde a nossa concepção já estamos cheios do pecado que ofende a Deus.

Gênesis 6.5 diz: “Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”. Tudo no homem e tudo o que ele prática é mal diante de Deus. Tudo, tudo no homem é perverso. “Quem da imundícia poderá tirar coisa pura?” pergunta Jó; e responde: “ninguém” (Jó 14.4).

Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas?” Pergunta Jeremias; “Então, podereis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal” (Jr 13.23). E a resposta é: NÃO!

Irmãos, essa é a nossa realidade! Somos sim merecedores da ira de Deus; somos sim merecedores de sermos punidos com o castigo eterno em corpo e alma; merecemos o inferno eterno. Porque nós – em Adão – traiamos o nosso Criador e Deus dando ouvido a voz de satanás. Preferimos jogar fora tudo o que Deus havia nos dado em troca de sermos iguais a Deus. Simplesmente porque não estávamos contentes como Deus cuida de nós. Achamos que Deus estava sendo injusto conosco da maneira como Ele estava cuidando de nós. Que Ele estava nos privando de alguma coisa boa e que merecíamos. Mas, na verdade nosso Criador estava nos protegendo. Na verdade, nós nem sequer pensamos nisto; pensamos apenas em nós mesmos. E isso é verdade ainda hoje. Nós pensamos primeiramente em nós e não em Deus. Queremos ser servidos em vez de servirmos. Nos achamos muito bons para sermos castigados por Deus e sempre estamos falando do amor de Deus e nunca da sua justiça contra os nossos pecados.

Porém, a nossa realidade é de pecado que ofende a Deus porque é contra a sua santa majestade. É neste momento que a pergunta 12 do Catecismo aparece: “Então, conforme o justo julgamento de Deus, merecemos castigo nesta vida e na futura. Como podemos escapar desse castigo e, de novo, ser aceito por Deus em graça?” e a resposta é a seguinte: “Deus quer que sua justiça seja cumprida. Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça ou um outro por nós”. O pecador nesta pergunta e resposta percebe a sua real condição e começa a perguntar como pode consertar tudo e de novo ser aceito por Deus como no paraíso. Ou seja, o Espírito Santo começou a trabalhar no coração do pecador mostrando a sua real condição diante do santíssimo Deus. Ele fica em desespero e percebe que tem que satisfazer a justiça de Deus, mas não consegue. Ele não consegue satisfazer a justiça de Deus estipulada na lei por causa de seu pecado.

Porém, o Catecismo, refletindo o ensino bíblico, aponta para uma saída do homem para satisfazer a justiça de Deus. O Catecismo diz: “nós mesmos devemos satisfazer essa justiça ou um outro por nós”. Isso nos dar uma saída para satisfazer a justiça de Deus. Já que não podemos satisfazer a justiça de Deus, então, alguém pode fazer isso por nós. Isso nos leva a nossa necessidade de um Mediador. E isso nos leva ao nosso segundo ponto:

2. A nossa necessidade

Irmãos, ficou bem claro que nós não conseguimos satisfazer a justiça de Deus. A pergunta e resposta 13 diz: “Nós podemos satisfazer essa justiça? De maneira alguma. Pelo contrário, aumentamos a cada dia a nossa dívida com Deus”. O Catecismo refletindo o ensino bíblico repete dizendo que nós apenas aumentamos a gravidade dos nossos pecados contra Deus. Pois a nossa divida está apenas aumentando a cada dia com os nossos pecados diários. Nós sabemos que a cada dia pecamos por: pensamentos, palavras e atos. E esses pecados aumentam a cada dia a gravidade de nosso pecado com Deus. A cada dia Deus se ira ainda mais conosco.

E o catecismo prossegue: “Será que uma criatura, sendo apenas criatura, pode pagar por nós? Não, não pode. Primeiro: porque Deus não quer castigar uma outra criatura pela dívida do homem. Segundo: porque tal criatura não poderia suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros”. Essa pergunta e resposta a principio é contra a igreja romana do papa que ensinava e ainda ensina que podemos recorrer à própria igreja para interceder por nós. Então, a igreja iria mostrar um caminho alternativo para as pessoas: os santos. Ela ensinava e ainda ensina que os santos, principalmente Maria, podem interceder pelo pecador diante de Deus e assim pode levar o pecador a vida eterna. A igreja do papa ensina que o pecador pode ser salvo sem Jesus Cristo e seu sacrifício na cruz do calvário satisfazendo a justiça de Deus. Ela ensina que o sacrifício de Jesus Cristo não garante a ninguém o perdão e a comunhão com Deus novamente. Mas, que somente através de suas invenções é que o homem pode chegar realmente ao céu.

Porém, os reformadores afirmaram com base na Bíblia que tudo isso não passa de uma mentira de satanás. Eles afirmaram que nenhum homem pode pagar pelos seus pecados porque o próprio homem estar cheio de pecado. Como diz o Salmo 130.3: “Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá?”.

E um pecador não pode pagar pelos seus pecados e suportar o peso da ira de Deus. Como diz o profeta Naum no capítulo 1.6 do seu livro: “Quem pode suportar a sua indignação? E quem subsistirá diante do furor da sua ira? A sua cólera se derrama como fogo, e as rochas são por ele demolidas”. Então, um simples homem não pode suportar a ira de Deus e ao mesmo tempo pagar pelos seus pecados e salvar outros. O Mediador tem que ser mais do isso.

O Catecismo pergunta: “Que tipo de mediador e salvador, então, devemos buscar? O mediador deve ser um homem verdadeiro e justo, contudo, mais poderoso que todas as criaturas; portanto, alguém que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus”.

O que faz um mediador? Um mediador é alguém que trabalha para ligar dois ou mais partidos que ofendeu o primeiro partido. Em alguns casos existe a possibilidade que o mediador pede a ambos os partidos para conceder alguma coisa e assim consegue a reconciliação.

Mas entre o Deus ofendido e o pecador que ofendeu não existe a possibilidade de dar alguma coisa, pois: primeiro, o pecador não tem nada para dar, ele só tem culpa; segundo, Deus não pode e nem quer deixar cair por terra sua exigência de direito. Ele não faz de conta como se não tivesse visto nada. Esse Mediador não pode ser qualquer uma criatura como: animal ou anjo. A exigência de Deus é que ele seja em primeiro lugar: um homem verdadeiro e justo. Alguém que seja igual a nós. Com a mesma carne e espírito; com a mesma fraqueza, no sentido de ser tentado, ficar doente, sofrer os males deste mundo. Como diz Hebreus 2.14,15: “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda vida”.

Porém, com uma grande diferença. Deve ser justo. Em outras palavras: sem o pecado em sua carne. Sem o mal que separa o homem e o torna inimigo de Deus. Que faz com que não haja reconciliação entre o homem e Deus. Ele precisa ser capaz de cumprir a justiça de Deus. Precisa obter a reconciliação a vontade de Deus. Em Hebreus 4.15 diz claramente como deve ser o nosso Mediador. “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se de nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, MAS SEM PECADO”. Um homem verdadeiro e justo.

Em Hebreus 7.26-27 nos ensina mais ainda sobre como deve ser aquele que devemos buscar. O texto diz: “Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, SANTO, INCULPÁVEL, SEM MÁCULA, SEPARADO DOS PECADORES E FEITO MAIS ALTO DO QUE OS CÉUS, que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu”.

No Antigo Testamento as ofertas de animais que se ofereciam a Deus, eram sem defeito. Assim deve ser o nosso Mediador: santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus. Que não necessita oferecer sacrifícios pelos seus pecados, porque ele próprio não tem pecado. Assim ele pode entrar no santo dos santos. O santuário celestial em nosso favor.

A segunda exigência era que tinha que ser também verdadeiro Deus. Não adiantava nada ser apenas homem verdadeiro e justo. Porque sendo apenas homem, não poderia suportar o peso da ira de Deus. Só sendo verdadeiro Deus é que ele pode suportar o castigo de Deus e assim nos libertar da escravidão do pecado e do poder da morte.

Assim será e é nosso fiador. Fiador é aquela pessoa que fica responsável pela dívida que não foi paga e nem o devedor consegue pagar. Assim nosso Mediador ficou em nosso lugar e pagou a nossa dívida. E ele cuida para que nós nunca mais venhamos ofender a Deus. Assim ele é de fato nosso Salvador. Devemos sempre saber que esse Mediador está sempre intercedendo por nós junto ao Pai.

3. A conseqüência em nossa vida

Irmão, qual a conseqüência de sabermos que Deus nos deu um Mediador? Estávamos perdidos e sem esperança para a nossa vida. Estávamos como o salmista no Salmo 130.1-3: “Das profundezas clamo a ti, SENHOR. Escuta, Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas. Se observares, SENHOR, iniqüidades, quem, Senhor, subsistirá?”. Estávamos nas profundezas das trevas, pois essa é a realidade de quem vive sem Deus. Pela graça de Deus, Ele nos buscou e esse desespero sumiu. Porque nos deu o medidor e salvador – Jesus Cristo. Em Cristo recebemos o que precisávamos para entrar novamente na presença de Deus e estarmos em comunhão novamente com Ele. Como diz o Salmo 130.4: “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam”. O perdão veio de Deus em Cristo Jesus. Perdão dos pecados que ofendem a Deus.

Por isso nós podemos ver a alegria do salmista no restante do salmo dizendo: “Aguardo o SENHOR, a minha alma o aguarda; eu espero na sua palavra. A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã, espere Israel no SENHOR, pois no SENHOR há misericórdia; nele, copiosa redenção. É ele quem redime a Israel de todas as suas iniqüidades” (Sl 130.5-8).

Devemos nos alegrar no Senhor Jesus Cristo e vivermos conforme este perdão que recebemos. Vivendo como novas criaturas em Cristo. Fugindo e odiando o pecado cada vez mais. Essa é a conseqüência na vida de quem realmente é renovado no sangue de Jesus Cristo.

Amém.