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Mateus 13.47-50

Sermão preparado pelo Pastor Elissandro Rabelo

Leitura: Mateus 13.24-30; 36-43

Texto: Mateus 13.47-50

Amados irmãos em Cristo

Jesus escolheu doze homens para sair com ele a pregar o evangelho do reino de Deus. Alguns destes primeiros discípulos chamados por Jesus eram pescadores por profissão (os irmãos Pedro e André, e os irmãos Tiago e João). Todos estes deixaram suas redes e seus barcos para seguir Jesus e se tornarem pescadores de homens. Quando Jesus lhes contou a parábola da rede que nós acabamos de ler, eles compreenderam cada detalhe da história.

O Mar da Galiléia onde eles pescavam é na verdade um grande lago e um dos melhores lugares de pesca em Israel. As plantas arrastadas pela correnteza do rio Jordão são depositadas neste mar. Essas plantas atraem e alimentam cardumes de vários tipos de peixes. Portanto, no mar da Galiléia, existiam diversos tipos de peixes. André, Pedro Tiago e João pescavam ali praticamente todos os dias.

Embora houvesse várias maneiras de pescar, nos dias de Jesus, um dos modos de pesca mais eficientes era o uso do arrastão. Às vezes, os pescadores fixavam uma ponta da rede na praia, enquanto um barco puxava a outra ponta pelo lago, fazendo uma curva e trazendo a rede de volta à praia. Outras vezes, saíam dois barcos da praia, formando um círculo com a rede; juntos, os homens a puxavam para apanhar os peixes e juntá-los nos barcos. O uso do arrastão exigia a força de seis homens ou mais. Enquanto uns remavam, outros lançavam ou puxavam a rede e outros ainda batiam na água para empurrar os peixes em direção à rede.

Pescadores mais experientes procuravam localizar um bom cardume antes de começar a pescar. Uma vez lançada a rede, os homens puxavam todos os peixes apanhados para a beira da praia. Os peixes estavam todos misturados, e precisavam ser selecionados depois da pesca.

A rede apanhava os peixes próprios e impróprios para o consumo — os bons e os maus. Peixes de todos os tipos e tamanhos se debatiam ao serem puxados para a praia. Muitas espécies eram consideradas impuras, de acordo com as normas de alimentação dos judeus. Peixes sem barbatanas e sem escamas não podiam ser comidos e tinham que ser lançados de volta à água. Os peixes pequenos, também, eram abandonados no mar. Somente os peixes em condição de serem comidos e negociados eram apanhados e colocados em recipientes adequados. A classificação dos peixes determinava o valor da pesca. Alguém poderia pegar muitos peixes e não ter feito uma boa pesca, caso pegasse uma grande quantidade de peixes pequenos ou impróprios para o consumo. Só depois da separação dos peixes, poderia se avaliar se a pesca foi lucrativa ou não.

Meus irmãos! Perceba que Jesus entra no mundo dos seus discípulos com esta parábola. Eles sabiam muito bem do que Jesus estava falando. Jesus não está ensinando seus discípulos como pescar peixes, mas fala a linguagem deles com o propósito de ensinar-lhes uma verdade espiritual acerca do reino de Deus (o reino de Deus é semelhante a). Jesus usa a parábola da rede para descrever um aspecto futuro do reino de Deus de grande importância e seriedade para todos nós: O Dia do Juízo Final quando Jesus fará a grande e eterna separação entre os justos e os ímpios e selará o destino eterno de todos.

Isso fica evidente na explicação que o próprio Cristo nos dá desta parábola. “Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13:49,50). Perceba a semelhança dessa explicação com a explicação da parábola do joio e do trigo. “Pois, assim como o joio é colhido e lançado ao fogo, assim será na consumação do século. Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13:40-42).

Jesus usa linguagem simbólica e transfere a mensagem das parábolas para o destino espiritual do homem: céu ou inferno. Na parábola do trigo e do joio, o destino do homem é o céu, onde os justos resplandecerão como o sol, ou o inferno, onde os que praticam a iniquidade serão lançados na fornalha acesa, onde haverá choro e ranger de dentes. A mesma verdade é afirmada na parábola da rede. Os maus serão separados dos justos e terão o inferno como destino eterno.

Perceba que a ênfase de Jesus não está no ato da pesca em si, mas na separação dos peixes bons e ruins. Mas antes que haja a separação dos peixes bons e ruins, é preciso lançar as redes e pescá-los. Jesus escolheu seus discípulos para serem pescadores de homens, ou seja, lançar as redes do evangelho com a pregação para chamar pecadores para dentro do reino de Deus. Os pescadores não podem escolher os peixes enquanto pescam. Qualquer tipo de peixe pode vir na rede. Do mesmo modo, os seguidores de Jesus, escolhidos para serem pescadores de homens, não têm como selecionar quando e a quem proclamar o evangelho. Usando as palavras de outra parábola, os servos saem pelas ruas e reúnem todos os que se encontram, tanto bons como maus (Mateus 22.10). O apelo do evangelho é dirigido a todos, sem discriminação. O convite para vir a Cristo e ser salvo tem de ser dirigido a todos, sem fazer acepção de pessoas. Essa tarefa Cristo deu à igreja e deve ser feita até o dia do retorno de Cristo.

Agora existe uma tarefa que não compete à igreja fazer. Esta é a separação dos justos e ímpios no dia do juízo final. Isso compete a Cristo e ele delegou essa tarefa aos anjos. Perceba que na parábola da rede, os pescadores lançam a rede, juntam o que conseguiram apanhar, e separam os peixes. Mas na explicação de Jesus são os anjos que vêm e separam os ímpios dos justos. Assim, podemos deduzir que os discípulos de Jesus também pertencem à multidão da qual os anjos recolherão os ímpios. Os ímpios serão retirados da multidão dos justos por meio dos anjos (Mt.24.31). Em suas parábolas Jesus deu ênfase a essa separação eterna que vai acontecer no dia do juízo (ex: parábolas das dez virgens, dos talentos, das ovelhas e os bodes – Mt.25; a parábola de do rico e Lázaro – Lc.16.19-31).

Agora quem são os peixes bons? Quem são os justos que vão ser separados dos ímpios para entrar no reino eterno de Deus? Primeiro, não são as pessoas que fizeram boas obras e por isso merecem o céu. Segundo, também não são os religiosos que se dizem crentes, mas não fazem a vontade de Deus. Tem muita gente que pensa assim: “Nunca matei, nunca roubei ninguém, não bebo e nem fumo, ajudo os pobres, portanto, sou uma pessoa boa e religiosa e, portanto, terei um lugar no céu”! Esse tipo de orgulho é ilusório e leva à perdição (ex: o fariseu da parábola – Lc.18). Os bons são pecadores como todos os outros que, pela graça de Deus, foram redimidos no sangue de Cristo e nasceram de novo pelo Espírito Santo (Ap.22.14). São aqueles a quem Deus derramou a sua graça e os fez novas criaturas em Cristo! Herdarão o céu por causa da graça de Deus em Cristo! Os escolhidos do Senhor serão tomados pelos anjos e conduzidos à vida eterna não por seus méritos, mas pelos méritos de Cristo!

E quanto aos maus e ímpios? Quem são eles e o que será deles no futuro? O termo “maus” aqui na parábola aponta não só para os pecadores rebeldes do mundo que estão fora da igreja e praticando a iniquidade, mas também àquelas pessoas que na aparência fazem parte da igreja, mas no íntimo não amam sinceramente a Cristo. São os hipócritas que podem até confessar o Credo Apostólico, conhecer toda a Bíblia e até serem membros de uma igreja cristã, mas os seus corações estão longe do Senhor (Mc.7.6). O Senhor conhece o coração de cada um, suas intenções e ações e, portanto há de julgá-los no dia final segundo as suas obras.

A Bíblia nos aponta para a vergonha e perdição que estes ímpios passarão no dia do juízo por terem vivido na hipocrisia de uma falsa religião (ler Mt.7.21-23; I Jo.2.19). A Bíblia nos adverte com tristes exemplos de pessoas que estavam na igreja, mas amaram o mundo e se perderam – a mulher de Ló: Gn.19.26, Judas:Mt.27.5 e Demas: II Tm.4.10. Aqueles que mantém seus corações duros, são cristãos apenas superficialmente, amam os bens e os prazeres do mundo, estão na igreja, mas não pertencem a ela, de fato, estes sofrerão penalidade eterna e serão banidos da face do Senhor para sempre. No dia do juízo final, os anjos de Deus virão e os separarão do povo de Deus, e os lançarão no fogo ardente reservado para eles, Satanás e seus anjos caídos (ver Ap.21.8; 22.15).

Oh Irmãos! Não podemos tratar desse assunto tão sério com tanta frieza e indiferença! Jesus cada vez de novo repetiu esse assunto para nos advertir do perigo grande e grave para quem se descuidar. Perceba que ele ensinou em muitas parábolas sobre o juízo final e o destino eterno dos homens. Na verdade, Jesus falou maiso inferno do que do céu em seus ensinamentos, com vistas à nossa advertência. Só aqui em Mateus 13, ele tratou do mesmo assunto duas vezes num único discurso que deu aos discípulos (parábolas do joio e do trigo e a da rede). Por que Ele repetiu o mesmo assunto? Por que será que Jesus falou muitas vezes sobre juízo final e inferno? Porque o Senhor não tem prazer na morte do ímpio, mas em que ele se arrependa e viva. O Senhor Jesus não quer que nenhum de nós se perca, por isso, Ele nos alerta quanto ao nosso destino eterno!

É bom para cada um nós atentar pra este assunto e examinar o nosso coração! Que tipo de cristão eu sou? Eu creio que Jesus voltará para julgar os vivos e os mortos! Mas será que essa verdade tem me motivado a aguardar pelo Senhor com fidelidade? Isso tem feito de mim um cristão mais zeloso? Ou tenho vivido tanto para mim mesmo que não me ocupo com as coisas do alto? Que tipo de vida você tem levado? Que tipo de peixe você é? A Bíblia nos chama a examinar a nós mesmos para ver se estamos na fé (II Co.13.5). Se por acaso, sua consciência o acusar de ser um cristão infiel ou hipócrita, arrependa-se, peça perdão a Deus e que Ele transforme a sua vida.

Nesta parábola Jesus nos chama não só a olhar por nós mesmos, mas também a atentar para aqueles que estão se perdendo neste mundo. Cristo nos encoraja como igreja a lançar a rede do evangelho no mar deste mundo. Deem testemunho de Cristo aos outros, tragam-nos para a igreja; façam com que ouçam o evangelho da salvação; anunciem a eles o amor de Cristo, mas também que Jesus vem em breve para julgar os vivos e os mortos, quando, então, a separação entre o ímpio e o justo acontecerá. Diga-lhe com urgência que aquele que crê em Jesus será salvo, mas o que não crê será condenado e sobre ele permanece a ira de Deus (Mc.16.16; Jo.3.36)

Ah, irmãos! Conversamos sobre tantas coisas com nossos amigos e parentes (negócios, futebol, política, etc.). Mas por que não compartilhamos com eles as coisas eternas para que se rendam a Cristo e sejam salvos? Que Deus nos dê sabedoria, compaixão e coragem para fazer isso! Pois o que o Senhor está nos falando sobre o que vai acontecer no último dia não é conto de fadas, mas a pura verdade. O Senhor é aquele que não pode mentir. Ele é a própria verdade e o que ele falou há de se cumprir. A salvação eterna da igreja bem como a condenação eterna dos ímpios são realidades bíblicas das quais não podemos fugir.

Mateus, apropriadamente, fecha a série das sete parábolas em Mateus 13 com a parábola da rede. Sete é número da perfeição e indica que o juízo será uma realidade. Essa última parábola nos lembra a certeza do dia do juízo final. Não sabemos quando será! E por essa razão, temos de estar sempre atentos e vigilantes, aguardando com temor e santificação a volta gloriosa de Cristo. Além disso, devemos pregar o evangelho para que as ovelhas de Cristo ouçam a sua voz e o sigam e quando o seu rebanho estiver completo, o Senhor rasgará os céus cercado de milhares de anjos para julgar os vivos e os mortos. Então, virá o fim e os justos estarão com Cristo para sempre!

Em Hebreus 9.27,28 está escrito assim: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hebreus 9:27,28). 

Meus irmãos! A rede do evangelho está sendo lançada! A pesca está sendo feita e a separação dos peixes bons dos ruins está para acontecer a qualquer momento! O juízo virá para todos! Qual será nosso destino final? Não haverá segunda chance após a morte ou no dia do juízo. Quem creu em Jesus será salvo, quem, porém, não creu será condenado (Mc.16.16). Nosso destino eterno está diretamente ligado à nossa relação com Jesus aqui na terra (ler Jo.5.22-29).

Quem crê em Jesus e o ama verdadeiramente ouvirá da boca de Cristo: “Venha, servo bom e fiel, entre no reino eterno”! Mas aqueles que o negaram e o desprezaram em suas palavras e obras, ouvirá de Jesus: “Nunca vos conheci! Afaste-se de mim os que praticam a iniquidade. Vão para o fogo eterno”! Jesus virá em breve! Ele enviará os seus anjos aos quatro cantos da terra para separar os maus dos justos! De que lado você estará? Você está preparado para se encontrar com Ele? Prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o Senhor teu Deus! Amém!