Sermão preparado por Lucio Manoel, VDM
LEITURAS: 1 Pedro 1.3-9
TEXTO: Salmo 125
Palavras-Chaves: Governos; ímpios; justos; segurança; SENHOR.
Amada Igreja do Senhor Jesus Cristo
Este Salmo faz parte do grupo de Salmos de Degraus que os israelitas costumavam cantar durante as viagem a Jerusalém para participar das grandes festas de Israel. Era uma viagem à casa do Pai. Embora morassem na terra da promessa, o povo de Deus ainda esperava pela pátria celestial.
Quando os Israelitas cantavam os Salmos de degraus, eles se lembravam que eram peregrinos. E cada salmo apresenta diferentes aspectos da sua peregrinação. O Salmo 125, por exemplo, trata de um aspecto particular que marca a viagem dos peregrinos até a casa do Pai: segurança. Os ímpios ameaçam constantemente os peregrinos, mas o SENHOR é a proteção e segurança do Seu povo durante a viagem até o céu.
O contexto histórico do Salmo é indicado no versículo 3 “o cetro dos ímpios ou cetro da impiedade”. Essa expressão indica que Israel estava sofrendo opressão debaixo do governo de homens maus, provavelmente na época em que este Salmo foi escrito.
Não dá para saber exatamente quando o Salmo 125 foi escrito. Ele pode ter sido escrito durante o tempo em que Israel ou Judá (mais provavelmente) esteve debaixo de dominação estrangeira ou debaixo do governo dos reis maus que se sentaram no trono de Israel e de Judá.
Nos dois livros de Samuel, dos Reis e das Crônicas lemos sobre muitos reis que fizeram o que era mau aos olhos do Senhor.
Em qualquer dos casos, quando homens ímpios governam, o povo de Deus sofre opressão e é tentado a se juntar às suas impiedades. Por isso, quanto mais ímpios forem os governantes e quanto mais longo for o governo dos ímpios, maior será a opressão e maior será a tentação para os justos se juntarem a eles.
Desse contexto sai a mensagem do Salmo: Deus preserva os justos em meio às opressões dos ímpios.
O versículo 1 mostra a firmeza dos justos na providência do SENHOR. Eles resistem à opressão e são preservados, apesar dos ataques dos governantes ímpios.
“Os que confiam no SENHOR são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre” V.1
Os que confiam no SENHOR permanecem firmes, como firme está o monte Sião. Geração após geração o monte Sião tem enfrentado tremores de terra, efeitos das chuvas, mas ele permanece lá. Assim também os que confiam no SENHOR permanecem para sempre.
O Salmo não está falando de uma confiança no sentido de coragem ou ousadia para enfrentar o inimigo, mas no sentido de firmeza, solidez, segurança. Essa segurança tem a ver com o fundamento em que os justos estão firmados. Os justos estão firmados no SENHOR.
Jesus falou sobre este fundamento na história de (Mateus 7.24-27). O Senhor ensinou que, se alguém for colocado em qualquer fundamento, não se sustentará por muito tempo. Mas o justo é edificado sobre a rocha que é Cristo, por isso permanecerá para sempre, apesar das adversidades.
O versículo 2 complementa a imagem do versículos 1.
O Salmo começou falando sobre a firmeza do Monte Sião e prossegue falando sobre a proteção que Sião recebe dos montes que estão situados em seu redor.
Lembrem-se que a cidade de Jerusalém está construída sobre o Monte Sião.
As montanhas em volta de Jerusalém serviam como um obstáculo natural que dificultava a ação dos invasores contra Jerusalém. Mas nem os montes, nem as muralhas de Jerusalém, nem mesmo os exércitos de Israel podiam oferecer segurança bastante para que a cidade estivesse protegida contra os ataques dos inimigos. Israel sabia disso, por isso cantava sobre a sua verdadeira proteção no Salmo 127.1 “Se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela”.
E aqui no Salmo 125, Israel cantava “Como em redor de Jerusalém estão os montes, assim o SENHOR em derredor do seu povo”. É a presença todo-poderosa do SENHOR que garante a proteção dos justos.
Uma descrição belíssima dessa proteção do SENHOR aparece em 2Reis 6.
Certa vez, o rei da Assíria enviou tropas a Samaria para prender o profeta Eliseu. Porque todas as vezes que os assírios montavam emboscada contra Israel, Eliseu revelava os planos dos assírios ao rei de Israel, e Israel escapava.
Quando o servo de Eliseu viu a cidade cercada pelo exército assírio, ficou apavorado e correu para Eliseu, dizendo: “Ai! Meu senhor! Que faremos!”.
A resposta de Eliseu mostra que o profeta não temia os inimigos, mas tinha grande confiança em Deus. Ele disse: “Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”.
Depois disso, Eliseu orou ao SENHOR, e os olhos do moço foram abertos. Ele viu os cavalos e carros de fogo em todo monte e não apenas em redor da cidade (2Reis 6.16,17).
Assim também o SENHOR permanece em volta do seu povo. Quando os ímpios se levantam contra a o povo de Deus, os justos podem ter plena confiança que Deus está em redor deles para protegê-los.
Mas apesar da segurança que Deus é para os justos, há perigos reais neste mundo.
O final do versículo 3 mostra que quando os justos são submetidos à opressão dos ímpios por um período muito longo, a sua confiança pode ser afetada. Há o risco de enfraquecimento da confiança e o perigo dos justos se juntarem às mesmas impiedades dos pecadores.
Governos ímpios estão sempre procurando impor suas impiedades sobre o povo, não apenas induzindo-os ao erro, mas por vezes, obrigando-os a seguir suas impiedades. Quanto pior for o governante, mais o povo sofrerá.
Um exemplo claro dessa situação foi o reinado do perverso Rei Acabe que governou sobre Israel durante vinte e dois anos. Israel já estava bem enfraquecido espiritualmente por causa dos maus reis que o antecederam. Mas Acabe levou a impiedade dos seus anteriores a um nível absurdo.
Para piorar as coisas, ele se casou com uma mulher estrangeira tão ímpia quanto ele, Jezabel. Os conselhos de Jezabel levaram Acabe a aumentar ainda mais a opressão sobre o povo. Ela causou a morte de Nabote, para que seu marido pudesse se apossar da sua vinha; ela perseguiu os justos até só restarem sete mil em Israel (1Re 16.29-22.44); sem contar suas idolatrias e outras maldades.
O povo de Israel gemia terrivelmente debaixo do governo do ímpio Acabe!
O livro de Provérbios nos dá uma descrição sombria da angústia dos justos que sofrem debaixo do governo dos ímpios.
Provérbios 29.2 diz “quando domina o ímpio, o povo suspira”.
Provérbios 28.28 “Quando sobem os perversos, os homens se escondem, mas, quando eles perecem, os justos se multiplicam.”
Provérbios 29.2 “Quando os justos florescem, o povo se alegra; quando os ímpios governam, o povo geme.”
Veja o contraste entre o governo dos ímpios e o governo dos justos. Debaixo do governo dos ímpios não há plena liberdade para servir a Deus; a alegria é retida; a injustiça prolifera; os justos se escondem; reduz-se o número dos santos.
Por isso Deus promete que “O cetro dos ímpios não permanecerá para sempre sobre a sorte dos justos, para que o justo não estenda a mão à iniquidade” (v.3)
O Senhor Jesus repetiu essa promessa quando ensinou que, por amor dos escolhidos, o tempo da tribulação é reduzida (Mt 24.22) e o governo dos ímpios é interrompido.
Outra coisa a aprendermos com este Salmo é que Deus concede livramento e salvação como resposta às orações dos justos (v.4).
“Faze o bem, SENHOR, aos bons e retos de coração”
Ao cantar este Salmo, o povo de Deus invoca o Deus da aliança, Yahweh, para que os livre das mãos dos ímpios.
Porém “Faze bem, ó Senhor” não significa que os justos não sofrerão sofrerão opressão dos ímpios neste mundo, mas significa que o SENHOR conservará os justos no estado de salvação, apesar da opressão dos ímpios. Enquanto que os ímpios e demais pecadores sofrerão eterno banimento para longe da face do Senhor e da glória do seu poder (Mt 25.46; 2Ts 1.9; Ap 20.10,14).
Os ímpios podem até causar sofrimentos temporários aos justos, mas ao final, serão eles que provarão os maiores e eternos sofrimentos.
“Paz sobre Israel”
A paz descreve as bênçãos do relacionamento que o povo de Deus desfruta da união com o seu SENHOR. Estas bênção acompanham o povo em todo tempo da sua jornada neste mundo. Mas a plenitude dessa paz ainda será alcançada. Uma paz que o povo de Deus já conhece, mas que será completada no Dia de Cristo.
Esse estado de completa paz marcará um tempo em que os ímpios não estarão mais neste mundo e o pecado não perturbará mais a comunhão entre Deus e o seu povo. E o gozo que os justos já desfrutam em Cristo, pela obra do Espírito Santo, será desfrutado plenamente na vida futura.
Uma palavra final à igreja.
Estamos às vésperas das eleições municipais. Nós temos o privilégio de participar da escolha dos futuros prefeito e vereadores da nossa cidade.
Lembrem-se do que temos ouvido nesta pregação. Quanto mais ímpio forem os governantes, mais opressão virá sobre a sociedade e também sobre a igreja. E quanto mais os governantes buscarem a justiça, mais liberdade e mais bem estar desfrutará todo o povo e também à igreja.
Sabemos que muitos governantes não temem a Deus, e que a solução para os males da nossa cidade não vem dos governantes. Só tendo Cristo como Rei é possível desfrutar de um governo justo e próspero.
Porém, se aplicarmos a mensagem deste salmo como sabedoria na hora de votarmos nas próximas eleições, nossa cidade pode experimentar uma situação melhor do que a que temos atualmente.
Mas, em todos os casos, a igreja deve guardar isso: “Os que confiam no SENHOR são como o Monte Sião que não se abala, firme para sempre”. Não importa o mau que os ímpios possam causar à igreja. Cristo é o Grande Rei que está sempre a volta dela para guardá-la.
O número dos salvos pode até ser reduzido a sete mil, por causa da opressão dos ímpios, como no tempo do perverso Acabe. Mas Jesus é Rei que não fica sem reino e sem súditos (CB 27). A igreja de Cristo sempre existirá na presença de Deus, mas os ímpios não. Os pecadores desaparecerão da terra.
Confiem no SENHOR; protejam-se no SENHOR e orem ao SENHOR. Paz sobre a igreja. Amém